Eu já lá estava, na festa da aldeia, dançando e rodopiando há horas, e nem tinha dado por ti.
Lembro sempre com um misto de sorrisos e gargalhadas o episódio que marcou a noite, eu ter esbofeteado o J. em plena festa porque ele insistia em dançar comigo, tentanto arrastar-me.
Foi o escandâlo da noite. Murmuravam uns, soavam alto as vozes de outros ainda:
"Nã virão??? A lisboeta bateu num moço da terra! Maganas heim!!"
E eu indiferente nem pestanejava.
Com um sorriso surgiste na minha frente e disséste:
"Danças ou bates?"
Não sei que vi em ti, não sei porquê mas a sorrir disse:
"Danço e não bato desde que nunca me obriguem a fazer o que não quero.."
E foi a primeira troca de palavras, a primeira dança em que os corpos se tocaram e como se já tivessemos dançado uma vida tudo saía certinho como ainda hoje, parece que nascemos para dançar juntos.
Leváste-me a casa da minha avó, noite de luar e à despedida sem que nenhum percebesse o que sucedia o beijo quente e húmido foi forte na hora do até amanhã...
A partir dessa noite, eras uma presença constante nos meus dias e noites, foi o romance de Verão mais tórrido que já tinha vivido.
E o mês voou entre beijos, caricias, risos (imensos que eu era uma estouvada), danças, passeios ao luar, mais caricias e beijos...
Chegado o fim de Agosto voltavas a casa e eu ficava ainda para mais uns dias.
Despedimo-nos com beijos e sorrisos felizes, sem ansiedades, sem promessas, apenas a certeza que tudo tinha sido mágico.
Inesperadamente uns dias depois, recebo um postal teu, respondi... e pensei "isto não estava previsto".
E sem prever, um dia surges de moto ao portão da casa de férias dos meus pais.
Não sabia que pensar, mas corri para ti e os beijos e abraços apagaram a voz do que queria falar.
Desde esse dia, não nos conseguimos mais separar, e os beijos, caricias, risos e cumplicidade, foram a presença viva que marcou um namoro de Verão, que se tornou numa paixão e depois num amor forte e sereno.
Recordar é viver...
Abençoado Verão:))