
É como me sinto, cheia de preguiça, mas infelizmente a trabalhar...
(bocejo)
Luisa a Preguiçosa
Tenham umm bom fim-de-semana!
Luísa
A PILITA ALENTEJANA
Rija, enquanto durou.
Agora q'amolengou e antes q'a morda a cobra,
Vou atá-la c'uma corda
Pra ela nã me fugiri.
Preciso da sacudiri,
Leva tempo pá'cordari
Já nem se sabe esticari.
Más lenta q'um caracoli,
Enrola-se-me no lençoli.
Ninguém a tira dali,
Já só dá em preguiçari.
Nada a faz alevantari
E já nã dá com o monti,
Nem água bebe na fonti.
Que bich'é que lhe mordeu?
Parece defunta, morreu.
Deu-lhe p'ra enjoari,
Nem lh'apetece cheirari.
Jovem, metia inveja.
Com más gás q'uma cerveja,
Sempre pronta p'ra brincari.
Cu diga a minha Maria,
Era de nôte e de dia.
Até as mulheres da vila,
Marcavam lugar na fila,
P'ra eu lha poder mostrari !
Uma moura a trabalhari,
Motivo do mê orgulho.
Fazia cá um barulho !
Entrava pelos quintais,
Inté espantava os animais.
Eram duas, três e quatro,
Da cozinha até ao quarto
E até debaixo da cama.
Esta bicha tinha fama.
Punha tudo em alvoroço,
Desde o mê tempo de moço.
A idade nã perdoa,
Acabô-se a vida boa !
Depois de tanto caçari,
Já merece descansari.
Contava já mê avô: "Niuma rata lhe escapou !"
É o sangui das gerações.
Mas nada de confusões,
Pois esta estória aqui escrita,
É da minha gata, a Pilita !
Luísa
Ao que respondi entre uma baforada de fumo:
Luísa
A minha Avó materna, a Vó Chica, uma alentejana dos 7 costados, era sábia em expressões que por aqueles lugares se usavam, como hoje outras se usam no quotidiano e não causam estranheza.
Quando ela me via em miuda toda excitada com um acontecimento (aniversário, Natal, um passeio, algo novo) dizia:
" Ai Luisinha, hoji se te metessem uma peninha no cú voavas!"
Na sua sabedoria queria dizer que a minha agitação e ansiedade, por algo que me ia deixar feliz era tanta, que estava tão levezinha que até esvoaçava, e pensava eu na época, que com a tal peninha enfiada no meu rabiosque voaria mesmo!
Nunca voei porque em Lisboa não encontrei penas fosse de que ave fosse:)!
Azar ser moçoila da cidade!
E é assim que me sinto hoje, bastava a tal a peninha que eu voava!
Amanhã vou rever a minha única irmã a Paula, que não vejo há 5 anos, a vida tem destas coisas, os detalhes não me apetecem partilhar hoje, talvez um dia.. .
Aqui há tempos ao telefone, depois de muita conversa, sentimos que tinhamos de nos reencontrar. Falamos disso, pela primeira vez abertamente, sentimos que é tempo de dar aquele abraço, falar ao telefone já não chega, precisamos de mais.
A distância fisica que nos separa não é assim tão grande, e ficou no ar o fim-de-semana do encontro, primeiro ela viria conhecer a minha Casinha e depois iria eu conhecer a Casa dela na zona para onde foi viver e reconstruiu a sua vida há 5 anos, e que eu não conheço.
A semana passada ligou-me e disse:
- "Mana tens cama pa nós? Vamos aí passar um fim-de-semana, quando é que o meu cunhado tem um fim-de-semana que folgue?"
E combinámos este fim-de-semana, sem que na altura eu me désse conta que era quando iamos celebrar o aniversário dele.
E assim ao fim de 5 anos vou reunir a minha irmã e marido, filhas, genro e neta no meu Refúgio!
Hoje se me metessem uma peninha no cú.... VOAVA!
Beijinhos esvoaçantes!
Luísa
"Bicho" ( que é como tu me chamas:)