Sim tenho saudades, muitas.
Da tua infância.
De ser a protectora, a que te zelava o sono,
te acordava com um beijo, a cumplice das brincadeiras,
o dar e receber na mesma medida...
Saudades do tempo que tudo era puro,
genuíno, e mágico.
Sem interferências de terceiros...
Saudades do tempo que me vias com o teu olhar
e não com o olhar de outros que tudo amesquinham,
deterioram aos poucos e contaminam.
Saudades do tempo que eu tinha direitos e deveres,
Os direitos foram com o tempo desaparecendo,
e os deveres continuaram e agora mais acrescidos.
Recordo o meu tempo de filha...
E dou conta que se calhar errei também,
e hoje, que já não tenho os meus pais,
é tarde para lhes passar mensagens de amor,
e um sincero pedido de desculpas,
pela forma como por vezes agi levianamente.
Sinto que assim será também comigo.
Só no dia em que eu já não existir,
ficarei sem deveres,
os direitos que hoje esqueces que me pertencem.
Saudades muitas,
de tudo o que fazia, porque era meu dever,
mas sem o sentir como tal,
Recordo um dia o meu pai,
com os olhos marejados de lágrimas,
por algo que eu disse e o magoou,
"Filho és... Pai serás"
E assim será para sempre...
Dar e receber é amor.
E mostrar esse amor é não esquecer,
que os pais têm imensos deveres...
mas também têm os seus direitos.
Saudades...
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